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Produção industrial fica três meses sem cair
A estabilidade na produção industrial na passagem de abril a maio completou uma sequência de três meses sem quedas nessa base de comparação. Essa é a primeira sequência sem quedas durante três meses desde 2012, quando a produção industrial cresceu, sempre com taxas positivas na margem, entre abril e agosto, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já a alta de 0,6% na média móvel trimestral de maio é a primeira desde outubro de 2014.
Ainda assim, o gerente da Coordenação da Indústria do IBGE, André Macedo, destacou que é cedo para falar em reversão da tendência de queda. "Perdas observadas no passado são ainda muito importantes", afirmou o pesquisador.
Macedo lembrou que, na comparação com 2015, a retração da produção industrial ainda é generalizada. Na comparação de maio com maio de 2015, há queda em 21 dos 26 ramos pesquisados pelo IBGE. No geral, a produção industrial encolheu 7,8% nessa base comparativa.
Para Macedo, mesmo a alta na margem na produção de bens de capital ainda é pequena diante da queda recente. Para o pesquisador, o que dá fôlego à produção de bens de capital é a base depreciada de comparação, o incremento da produção de caminhões nos últimos meses e o aumento das expectativas do empresariado. A desvalorização do câmbio não teria papel relevante, segundo o pesquisador do IBGE.
COMPRAS
Já o índice de atividade dos gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês) da indústria brasileira subiu para 43,2 em junho, de 41,6 pontos em maio, informou a Markit. Apesar da melhora, trata-se do 17º mês consecutivo de contração da atividade, mostrada quando o indicador fica abaixo do patamar de 50 pontos.
Segundo a Markit, o fluxo de novas encomendas continuou caindo em junho, levando as empresas a reduzirem a produção. Os pedidos para vendas internacionais, que vinham sendo um alento nos últimos meses, recuaram pela primeira vez desde novembro de 2015, retrocedendo no ritmo mais rápido em quatro anos e meio.
O indicador de emprego no ritmo mais forte desde que a pesquisa começou, em fevereiro de 2006, mostra que os empresários estão cortando funcionários para reduzir custos. Tanto os estoques de matérias-primas como os de produtos acabados também diminuíram em ritmo recorde. As encomendas pendentes recuaram no maior ritmo em mais de sete anos. Já os custos ao produtor continuaram a subir no mês passado, impulsionados pelo dólar elevado, e os reajustes também foram repassados ao consumidor.
A analista Pollyana de Lima, responsável pelo relatório, destaca que faz quase um ano e meio que o setor industrial está encolhendo. "O preocupante é que os últimos resultados mostram outra retração recorde nos níveis de emprego. Algumas melhoras internas vão ser necessárias antes que qualquer conversa séria sobre uma recuperação possa começar", afirma.