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Resultado do Sorteio Relâmpago de uma Bolsa de 100% do ISAE Londrina para o Curso GBA – Liderança e Desenvolvimento de Equipes
07 de Jun, 2018
O balanço das negociações salariais no primeiro semestre deste ano teve o pior resultado desde 2003 e revela que apenas 24,3% dos acordos foram fechados acima da inflação, de acordo com estudo divulgado na última sexta-feira pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Outros 36,8% conseguiram igualar o índice inflacionário e 38,8% ficaram abaixo da reposição, em movimento que reflete a crise econômica pela qual o País passa e a dificuldade em garantir aumentos diante de uma alta de preços em 12 meses que chegou aos dois dígitos no primeiro bimestre.
A boa notícia para os trabalhadores é que a quantidade de acordos abaixo da inflação diminui mês a mês desde janeiro, o que reflete sinais de melhora na economia, como o aumento de exportações, a desaceleração de indicadores negativos - fechamento de postos de trabalho -, além da perda de força da inflação, conforme o Dieese. Se em janeiro 48,2% das negociações ficaram abaixo da inflação, o índice caiu para 45,0% em fevereiro, 43,5% em março, 22,9% em abril, voltou a subir a 32,9% em maio e retrocedeu a 23,1% em junho.
O Dieese analisou os reajustes de 304 unidades de negociação dos setores da indústria, do comércio e dos serviços em todo o País, que demonstraram um resultado médio 0,50% abaixo da inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). O supervisor técnico do órgão no Paraná, Sandro Silva, afirma que a conjuntura econômica começou a prejudicar o mercado de trabalho em 2015, até chegar ao patamar do primeiro semestre deste ano. "Outros fatores importantes são a inflação em dois dígitos dos primeiros meses do ano, que dificultam que as negociações alcancem a reposição, e as incertezas maiores no ano passado", diz.
Para o segundo semestre do ano, Silva acredita que os resultados serão melhores. "O resultado do ano pode ser melhor porque o cenário melhora, a inflação desacelera e são categorias maiores e com maior peso que negociam, como bancários, petroleiros e metalúrgicos", conta.
O supervisor do Dieese afirma ainda que o Paraná teve desempenho mais favorável aos trabalhadores. "No País, quase 39% das negociações não atingiram a inflação e, aqui, foram 30,4%. A economia paranaense sente a crise, mas de forma diferente", diz. "O Estado demorou mais a sentir os efeitos porque tem um setor produtivo mais diversificado", completa.
TÍQUETE MENOR
O principal efeito da menor fatia de salários com ganho real e a maior sem a reposição da inflação é a perda do poder de compra por parte da população, que também interfere no resultado das empresas, já que mais de dois terços do Produto Interno Bruto (PIB) nacional vêm do consumo das famílias, diz o economista e especialista em mercado de trabalho Cid Cordeiro. "Na recessão, o trabalhador perde de duas formas, com o desemprego e com os salários mais defasados", diz.
Para Cordeiro, o desemprego reduz o poder de mobilização das categorias afetadas e a força na mesa de negociação. Porém, lembra que a diferença aumenta a recessão. "O poder de compra está regredindo e voltou a patamares de 2013, então tirou esse aumento real de três anos", conta, ao também prever melhora no desempenho das negociações no segundo semestre deste ano.
Professora de Economia da Universidade Estadual de Londrina (UEL) com foco no mercado de trabalho, Katy Maia considera que outro problema é que a mão de obra menos qualificada sofre mais. "Quando há qualificação e especialização, fica mais difícil o empregador dispensar o funcionário porque terá dificuldade em encontrar ou treinar outro depois."
Ela afirma que somente quando empresários voltarem a ter confiança na estabilidade do País é que voltarão a contratar, o que não vê como realidade próxima. "O mercado de trabalho é o último a sentir a crise e o último a se recuperar", diz. "Os empresários só voltarão a investir quando os juros baixarem e, para isso, é preciso controlar a inflação", completa.
07 de Jun, 2018
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