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População desempregada no Brasil soma 12,311 milhões de pessoas, afirma IBGE
31 de Jan, 2018
A ameaça rondava, mas estava ainda no campo das probabilidades baixas. Agora ficou mais real e quase irrefutável. O IPCA de 2017 vai ficar abaixo da meta de inflação, que é de 4,5%, com limite inferior de 3%. O relatório Focus do BC que trouxe a confirmação do que muito já se via nos cenários possíveis para o ano. A projeção dos analistas está agora em 2,97% para o índice oficial. E já está também abaixo dos 4,5% para 2018.
“Não há mais nada que o BC possa fazer para impedir que o IPCA fure o piso da meta, que é de 3%. Qualquer decisão que ele tome agora só terá impacto na inflação do ano que vem. Ele pode ter a ‘sorte’ de acontecer algum repique com preços de alimentos ou a energia elétrica ficar em bandeira vermelha até o final do ano, mas é pouco provável que isso aconteça”, disse ao Blog o economista chefe do banco BBM, Leandro Rothmuller.
Os preços dos alimentos foram os grandes responsáveis pela queda mais acentuada da inflação neste ano. A super safra aumentou muito a oferta e forçou preços para baixo. A recessão, que achatou a demanda por consumo também fez seu papel, mas ela teve peso maior no começo do processo de desinflação, há pouco mais de um ano, não nos últimos meses. Segundo o BC, em dezembro do ano passado, a inflação de alimentos subia 9,36% e, agora em agosto, caia 5,20%. É uma queda de mais de 14 pontos percentuais.
“Se não fosse isso, provavelmente o IPCA teria ficado mais alto, perto da meta. Provavelmente não vai se repetir no ano que vem. O que é importante é que este movimento parece ser permanente porque não foram só os alimentos que ajudaram. Quando a gente olha no detalhe, vê que tem uma desaceleração difundida na inflação, desde serviços, como em bens de consumo (fora alimentação), e os preços administrados também recuaram bem. A desinflação é difundida na economia”, afirma o economista do BBM.
O índice de difusão é a medida que mostra o quanto a alta dos preços está espalhada na economia. Pelos cálculos do Rothmuller, entre 2008 e 2015, o indicador rodava perto de 65%, sendo que, em 2015, ele chegou ao pior momento, em 75%. Agora, roda perto de 45%, o que mostra controle do processo inflacionário. Não adianta responsabilizar apenas a recessão por este movimento porque a economia brasileira é muito indexada. Tanto assim que em 2015 e 2016, quando o PIB derretia, o IPCA continuava subindo.
Claro que houve um peso importante da crise nesta queda recente do índice, afinal, 14 milhões de desempregados provoca traumas profundos na economia e é, como repito sempre, o lado mais perverso da crise, especialmente de uma crise criada pela irresponsabilidade do governo, como foi o nosso caso. Mas, felizmente, a atuação do BC também foi importante, com a recuperação da credibilidade, uma mudança radical na comunicação das decisões e uma escalda da previsibilidade na condução do Copom e seus efeitos. O que é desejável para um país em busca da estabilidade da moeda.
Outra novidade no cenário atual da inflação é a fonte de riscos. O que ameaça esse processo benigno que acontece agora não vem da economia, ou das fontes conhecidas como alta do dólar, ou aumento dos salários. A composição da recuperação econômica é positiva diante de um parque produtivo ainda muito obsoleto – há espaço para acomodar muita demanda antes de haver pressão por ajuste de preços. O risco maior é institucional, distante, pouco palpável agora. Começa pela não aprovação da reforma da Previdência num horizonte razoável de tempo, em até 2 anos. Passa pela eleição de 2018 e as escolhas que serão feitas pela sociedade.
A queda dos juros vem a reboque da derrubada do IPCA. Por enquanto, mesmo baixando as previsões para a inflação do ano, os analistas esperam que o BC leve a taxa básica para até 7% e fique lá até entender melhor o cenário político e o que ele pode provocar na economia. De novo, não há preocupação com a dinâmica econômica, a ameaça mora mais longe do dia a dia das pessoas. Para ser justo e não pensar que um IPCA tão baixo seria tão inocente, há apenas um fator negativo nesta história.
“Essa queda do IPCA prejudicou a receita com impostos, fez o governo arrecadar bem menos. As receitas são indexadas à inflação, então, essa redução forte do índice oficial fez o governo perder entre R$ 10 bi e R$ 15 bi este ano para ajudar as contas públicas. Mas isso não vai ser permanente, ano que vem deve equilibrar. Fora isso, não vejo nenhum fator preocupante para inflação, ao contrário, só tem coisa positiva”, concluiu Leandro Rothmuller.
Fonte: G1 - globo. com - Economia.
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