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Brasil vai crescer 43% menos que a média mundial
Neste ano, o Brasil vai crescer 1,9% contra 3,3% da média do crescimento mundial e 3,5% das 20 maiores economias. Em 2020, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro vai subir 2,4%, também abaixo do crescimento mundial e do G20. Se serve de consolo, a Argentina vai recuar 1,5% neste ano e crescer 2,3% em 2020. Vários outros emergentes terão desempenho igual ou pior que o do Brasil (ver quadro). Todos os números fazem parte do relatório de março da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) e foram divulgados nesta quarta-feira (6).
"Uma recuperação moderada está em curso no Brasil, com o crescimento do PIB projetado para perto de 2,5% em 2020. Maior confiança das empresas, menor incerteza política, baixa inflação e melhoria do mercado de trabalho vão servir de base ao crescimento", diz o documento da entidade. Para a OCDE, a implementação da agenda de reformas do novo governo, particularmente a reforma previdenciária, continua a ser fundamental para um crescimento maior.
A estimativa da organização está abaixo da expectativa do mercado brasileiro. De acordo com o último boletim Focus, do Banco Central, a aposta para a expansão do PIB é de 2,48% para este ano e 2,65% para 2020.
NO MUNDO
O relatório mostra que economia mundial também continua perdendo força, por isso houve redução da estimativa de crescimento para 3,3% em 2019 e 3,4% no próximo ano. Em novembro, a organização previa expansão de 3,5% tanto neste ano quanto em 2020.
As perspectivas econômicas são mais fracas em quase todos os países do G20 (grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo), em especial na zona do euro, Alemanha e a Itália, bem como para o Reino Unido, o Canadá e a Turquia. A OCDE identifica a desaceleração chinesa e europeia, bem como o enfraquecimento do comércio global, como os principais fatores que pesam sobre a economia mundial.
DEFICIT
Economista, colunista da FOLHA e professor da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), Marcos Rambalducci diz que a situação do Brasil é muito complicada para se projetar um crescimento maior daquele apontado pela OCDE. "Não temos como fazer investimento. Se o País seguir sem resolver o déficit, vai precisar de buscar mais dinheiro no mercado e os juros vão subir."
Com dívida próxima a 80% do PIB, o País não tem como investir em infraestrutura para puxar o crescimento. As famílias também muito endividadas não têm como consumir mais. São 12 milhões de desempregados ou subempregados. E o empresariado está em compasso de espera. "Os empresários têm duas opções: colocar o dinheiro na produção ou investir em títulos do governo. Apesar dos juros baixos, eles ainda estão inseguros de voltar a apostar na produção. Estão esperando mais um pouco. Se, por acaso o governo precisar elevar de novo a Selic, aí é que não vão colocar dinheiro na produção", explica.
A solução são as reformas que o governo promete fazer, principalmente a da Previdência. "Só as reformas podem equacionar o déficit do País. A Previdência não resolve o problema, mas impede o Brasil de continuar piorando", diz Rambalducci. E não terá efeito imediato. "A economia vai se dar ao longo dos anos."
O economista diz que há muito otimismo quanto à economia brasileiras, mas é um otimismo de expectativas. "Não há nenhuma medida já aprovada de combate ao déficit fiscal."
Fonte: Folha de Londrina