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Agronegócio evita queda maior do PIB paranaense
A indústria paranaense teve retração maior do que a média nacional, e o clima de pessimismo que afeta o setor é a maior preocupação da Fiep.
Dito e feito. Como já havia sido alarmado recentemente em diferentes projeções econômicas, o Produto Interno Bruto (PIB) do País fechou 2015 com uma retração considerável de 3,8%, e valor total atingindo a marca de R$ 5,904 trilhões. Os números foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com mais um recorde negativo no cenário econômico do governo Dilma Rousseff: esta é a maior queda da série histórica desde o início do levantamento do instituto, em 1990. O PIB per capita fechou em R$ 28,8 mil ano passado, recuando (em termos reais) 4,6% em relação a 2014.
No Paraná – mais uma vez – o agronegócio "salvou a lavoura". Enquanto no País o PIB do setor agropecuário fechou com elevação módica de 1,8%, no Estado cresceu 4,4%, o que garantiu que o PIB total fechasse com retração menor comparada à média nacional, de 2,8%, segundo levantamento preliminar do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). Quando se trata dos outros dois setores avaliados – indústria e serviço – Estado e País estão com percentuais no vermelho bem equiparados. A indústria paranaense retraiu 7%, enquanto a média nacional ficou em queda de 6,2%. Já o setor de serviços do Paraná teve queda de 2,3%, muito próximo aos 2,7% da retração nacional.
O diretor-presidente do Ipardes, Júlio Suzuki Júnior, conversou com a reportagem e não tem dúvidas: o agronegócio mais uma vez deu uma força para que a queda do PIB paranaense não fosse tão brusca. "A produção recorde de grãos e uma pecuária com resultados satisfatórios fizeram com que a crise atingisse o Estado de forma menos intensa", salientou ele.
A economista da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) Tânia Moreira também reforçou a importância da safra 2014/15 ter sido cheia e as exportações favoráveis, principalmente com o cenário de elevação do dólar. "Não tivemos uma safra com perdas volumosas e as exportações foram significativas, com o dólar valorizado segurando o preço das commodities. Entretanto, vale dizer que o agronegócio paranaense também sente os efeitos da crise. Se levantarmos a série histórica do IBGE, é possível comprovar que este é um dos menores crescimentos a nível nacional. Vale dizer que este ano já tivemos problemas com quebra de safra, o que pode atrapalhar o fechamento do PIB de 2016", analisou a economista.
INDÚSTRIA
No caso da indústria, o Ipardes ainda não divulgou o levantamento dos subgrupos, mas baseado no levantamento geral do IBGE é possível perceber que a indústria de transformação, com queda de 9,7%, e a construção civil, com retração de 7,6% (índices nacionais), foram setores que passaram maus bocados em 2015. "Houve uma desaceleração do consumo interno e a perda de competitividade da indústria no mercado externo. O Paraná ainda está um pouco melhor posicionado porque a nossa taxa de desemprego é de 6,1%, enquanto do País é de 9%. Isso preserva a renda familiar e deixa o consumo estadual um pouco mais elevado", explicou o presidente do Ipardes.
Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo, foi uma "surpresa desagradável" ver os números fechados divulgados ontem. "Se há três anos o setor automotivo tinha números que nos tiravam um sorriso do rosto, agora é a indústria que joga nossos números para baixo, principalmente pelo alto valor agregado de seus produtos. Outros segmentos como refino de petróleo e papel e celulose também não vão bem. Mas o que nos deixa mais preocupados é o clima de pessimismo dentro do ambiente da indústria de forma geral. O ano começou e apesar do Governo Federal relatar que houve uma leve melhora, nós não estamos percebendo isso na prática", salientou. Por fim, Campagnolo aproveitou para criticar "a passividade" dos políticos ligados ao setor, tanto a nível estadual como federal. "Eu não os vejo, neste cenário ruim, criando alternativas para tentar reverter esta crise", complementou.