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Quer exportar? Saiba a importância do registro de marca no mercado internacional
05 de Nov, 2021
Dados sobre a produção industrial, recentemente divulgados pelo IBGE, sinalizaram para um recuo, depois de cinco meses seguidos de crescimento.
Em agosto, a produção caiu 3,8%, se comparada ao mês de julho, a maior queda mensal, de um mês para o subsequente, desde julho de 2012.
É bem verdade que podem ser utilizados alguns argumentos para tal queda, notadamente a grave crise econômica ora vivida pelo país.
Os números da produção industrial dependem de diversos fatores, dos quais a melhoria do ambiente de negócios e da infraestrutura, e o incremento das exportações são alguns deles, mas não os únicos.
Um dos parâmetros determinantes do êxito em qualquer política industrial é o incentivo à inovação que, no caso brasileiro, despencou muito rapidamente, como mostram dados publicados pelo Movimento Empresarial pela Inovação, o MEI.
O BNDES, até junho deste ano, investiu em inovação cerca de 1,4 bilhão, dos quais apenas 400 milhões repassados à FINEP, a nossa Agência Brasileira de Inovação.
Para se ter uma ideia do montante da diminuição, é suficiente comparar com o ano de 2015, quando estávamos no “olho do furacão” de uma crise, sem precedentes, na história recente do país. Naquele ano, foram aplicados pelo BNDES mais de 6 bilhões no item inovação, correspondentes a cerca de 4,4% do orçamento global do Banco.
Considerando que os dados do ano de 2016 se referem aos primeiros 6 meses, pode-se concluir que, se mantidos os atuais níveis de investimento, estaremos correndo um forte risco de retrocesso aos anos de 2010 e 2011, quando a inovação era muito pouco representativa no portfólio do Banco.
Adicionalmente, o acesso aos recursos do tipo “subvenção econômica”, que são não reembolsáveis e muito importantes para as empresas inovadoras, passou a exigir garantias maiores que, em geral, empresas de base tecnológica não podem oferecer.
Outro fator importante no processo de construção de uma política industrial, que promova o desenvolvimento e o incremento da competitividade do país, é o da consideração dos conteúdos locais. O conteúdo local representa a proporção de investimentos nacionais aplicados no projeto e na execução de determinados bens ou serviços.
Recentemente, o BNDES decidiu reduzir a exigência dos conteúdos locais de 60% para 50%, para o setor de máquinas e sistemas industriais. Na prática, isto significa menos serviços, projetos e produtos a serem obrigatoriamente executados por empresas nacionais.
Alguns veem a defesa dos conteúdos locais como uma atitude corporativa, sindicalista e eventualmente xenófoba. Entendo que isto é um engano, pois a sua exigência nas licitações, desde que feita com equilíbrio, acaba por promover o aumento da empregabilidade, o incremento das atividades de pesquisa e de inovação, além da formação de profissionais mais qualificados nos setores estratégicos da economia.
Fonte: O Globo - notícias
Um exemplo: a exigência de um percentual mínimo de 65% de conteúdos locais no setor de óleo e gás possibilitou um notável crescimento da Petrobrás na exploração de petróleo em lâminas d’água profundas, e nada tem a ver, nem foi a causa dos sérios problemas que apunhalaram pelas costas a maior empresa brasileira, durante mais de uma década.
Além disso, a exigência dos conteúdos locais alavanca as micro e pequenas empresas e fortalece as cadeias de fornecedores e os arranjos produtivos.
A recuperação da indústria dependerá em muito de ações que priorizem a inovação, o envolvimento das universidades e institutos de pesquisa, e o apoio às empresas de base tecnológica. Somente dessa forma, conseguiremos a geração de mais empregos e renda, indispensáveis para o desenvolvimento do país.
05 de Nov, 2021
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