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Cresce exportação de produtos industrializados do Paraná
Nem tudo é má notícia na economia. A apreciação cambial iniciada em 2014 produziu impacto positivo sobre a indústria de transformação do Paraná, que passou a exportar mais. Só para se ter uma ideia, a venda de automóveis do Estado para o mercado exterior cresceu 115% de janeiro a maio deste ano, na comparação com o mesmo período de 2015.
Nos primeiros cinco meses do ano passado, o dólar variou de R$ 2,57 a R$ 3,3. Nos mesmos meses de 2016, a variação foi de R$ 3,44 a R$ 4,17. A elevação do câmbio gera aumento de competitividade para o produto local, que, agora, chega mais barato no mercado exterior. E compensa, ainda que em pequena parte, a perda que a indústria teve no mercado interno.
De janeiro a maio do ano passado, as exportações paranaenses de automóveis somaram US$ 103,6 milhões. Neste ano, foram US$ 223,7 milhões. Já as vendas externas de caminhões foram de US$ 32,5 milhões para US$ 59,5 milhões – aumento de 83%. Os números são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Outro dado que chama atenção é o da exportação de torneiras e produtos afins. Foram US$ 65,6 milhões de janeiro a maio, crescimento de 346% na comparação com o mesmo período do ano passado.
O economista da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Roberto Zurcher, diz que não é somente o câmbio que ajudou a aumentar a exportação de industrializados paranaenses. Mas também a troca de governo na Argentina. Segundo ele, o presidente liberal Maurício Macri, que assumiu no final do ano passado, derrubou as barreiras que a antecessora protecionista, Cristina Kirchner, impunha aos produtos brasileiros. "Antes, o governo limitava as importações, o protecionismo era muito grande."
O presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Júlio Suzuki, concorda. "A mudança de governo na Argentina, além do câmbio, tem ajudado bastante. A Argentina é o maior comprador de automóveis do Paraná", afirma. Ele ressalta que o Estado tem um coeficiente de exportação maior que a média brasileira. "Nossa exportação representa 13% do nosso PIB (Produto Interno Bruto). Na média brasileira, o índice não chega a 10%. Proporcionalmente exportamos mais."
Os números do MDIC confirmam o aumento das vendas para a Argentina. Elas subiram 48%, no mesmo patamar das exportações para a China, principal comprador do Paraná. Entre todos os produtos, os argentinos levaram US$ 547,2 milhões neste ano, contra US$ 367,9 milhões em 2015.
Já o gigante asiático levou US$ 1,3 bilhão de produtos paranaenses no ano passado e US$ 1,9 bilhão agora. No total, as exportações para a China representam 30,5% das vendas do Paraná para o exterior. E, as da Argentina, segundo maior parceiro, 8,5%.
Além da proporção, existe outra grande diferença nas relações comerciais. Os chineses compram basicamente grãos e carnes no Paraná. E os argentinos levam produtos industrializados: automóveis, caminhões, tratores e máquinas.
FÁBRICA LONDRINENSE
A Indrel, indústria de equipamentos refrigerados específicos para a área de saúde, está de olho na abertura da Argentina para os produtos brasileiros. A empresa ainda não exporta para o país vizinho, mas, a apreciação do câmbio foi suficiente para aumentar em 15% as vendas para outros países da América Latina. "O câmbio é o grande facilitador", afirma o CEO da empresa, João Fernando Rapcham.
As vendas para o mercado externo ainda têm pouca participação nos negócios da Indrel. Mas, a posse do novo presidente argentino anima Rapcham. "Já se fala numa parceria, entre os órgãos de vigilância dos dois países, para um livre comércio de produtos da área da saúde", conta.