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Situação é grave, indústria 'não aguenta mais' e rejeita CPMF, diz CNI
12 de Nov, 2015
Estimativa do valor do mínimo foi puxado pelo aumento do custo da alimentação dentro de casa, principalmente pela disparada dos preços do feijão, leite e batata.
O salário-mínimo necessário para manter uma família de quatro pessoas chegou a R$ 3.940,23 em junho, segundo estimativa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgada na semana passada. O valor representa 4,48 vezes o valor do mínimo oficial, de R$ 880, e foi puxado pelo aumento do custo da alimentação dentro de casa, principalmente pela disparada dos preços do feijão, do leite e da batata.
Até maio, o suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, conforme prevê a Constituição Federal, estava em R$ 3.777,93, ou R$ 162,31 a menos do que em junho. Apesar de a inflação continuar alta em 12 meses, houve desaceleração no último bimestre. Contudo, o custo da cesta básica continuou a crescer devido a entressafra de alguns produtos, a problemas climáticos que atingiram as propriedades rurais e por questões de mercado, como a redução da área plantada de feijão em substituição à soja.
Como a alimentação é o item que mais atinge o bolso da população de baixa renda, o problema é maior. Somente na capital paranaense, que ficou com um dos menores reajustes médios na cesta básica no País, oito dos 13 produtos pesquisados registraram alta em junho: a batata (15,30%), o leite (15,19%), o feijão preto (12,92%), a manteiga (8,03%), a banana (2,48%), a farinha (1,72%), o arroz (1,65%) e o café (1,53%). Outros cinco itens tiveram queda: o pão (-0,44%), o açúcar (-0,73%), o óleo de soja (-2,14%), a carne (-3,68%) e o tomate (-4,42%).
O supervisor técnico do Dieese no Paraná, Sandro Silva, afirma que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para famílias com renda de até cinco salários-mínimos, fechou em junho 9,49% para 12 meses, mas que o aumento sobre os alimentos ficou em 13,27%, conforme divulgado na última sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "O problema é que a alimentação vem subindo bem acima da inflação e é que pesa no bolso de quem ganha menos", diz.
Ele aponta que justamente os gastos dos mais pobres é que são os mais pressionados pela alta de preços, já que as refeições dentro de casa tiveram alta de 14,77%. Em Curitiba, os componentes do INPC ficaram um pouco menores, mas seguem a mesma tendência. A média é de 9,29% em junho para 12 meses, de 13,14% para a alimentação e de 13,84% para os produtos consumidos em casa. "O único alento é que as oscilações de preços de alimentos devem ser pontuais e cair ao longo do tempo", diz Silva, que lembra que as previsões apontam para uma inflação média em torno de 7,50% no fim do ano.
O delegado em Londrina do Conselho Regional de Economia do Paraná (Corecon-PR), Laércio Rodrigues de Oliveira, vê a desaceleração da inflação como um ponto positivo, mas considera que os mais pobres estão pressionados. "Também temos o aumento do desemprego e o alto custo dos juros do crédito, que é algo que as pessoas de baixa renda usam quando estão apertadas."
QUASE 20%
O salário-mínimo necessário para uma família de quatro pessoas se manter em junho do ano passado era de R$ 3.299,66, ou 19,41% a menos do que no mês passado, conforme o Dieese. "Vivemos uma situação atípica, com recessão, inflação alta e desemprego", diz o delegado do Corecon.
O supervisor técnico do Dieese afirma que, ao menos, a lei de reajuste do salário-mínimo prevê a reposição da inflação somada ao índice do Produto Interno Bruto (PIB) do País de dois anos antes. "Se repetirem o que foi feito da outra vez em que o PIB foi negativo e deixarem o índice em zero, ao menos teremos a recuperação da inflação", diz.
Ambos, porém, acreditam que o Brasil voltará a gerar empregos somente no segundo semestre de 2017. "Se o mercado de trabalho é o último a sentir os efeitos da crise, é também o último a se recuperar, porque as empresas demitem até o ponto em que mantêm uma certa capacidade de produção ociosa", completa Silva.
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